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Origem das Cavalhadas 

Os cultos, os ritos e as homenagens aos santos têm origem nos primórdios do Cristianismo, com grande influência do período anterior, quando, ainda no paganismo as festas devocionais eram realizadas em honra a uma divindade protetora da produção agrícola. Com a instituição da Igreja Católica, os eventos passaram a fazer parte de um calendário oficial. Ocorreu, paulatinamente, a cristianização de muitas festas pagãs. Atualmente, as festas do catolicismo compreendem os momentos relacionados à vida de Jesus Cristo e os dias comemorativos dos santos, incluindo-se Maria, apóstolos, pontífices, mártires, virgens e padroeiros.
As festas religiosas estão presentes no Brasil desde os primórdios da colonização. Em parte como expressão política, já que o cristianismo era religião oficial do Estado, não sendo, portando, um Estado laico. E também como elemento cultural. Os devotos colonizadores portugueses seguiam os tradicionais ritos consolidados na Idade Média. A Cavalhada é uma representação da luta entre cristãos e mouros que acontece, geralmente, associada às festas religiosas de devoção católica. Ela tem como pano de fundo fatos históricos ocorridos na Idade Média. A representação é também um ritual que envolve crenças, conflitos, disputas e conquistas. Os soldados, de um lado e de outro, travam uma luta montados a cavalo. O objetivo é a conquista de território e principalmente a conversão a uma nova fé. Os autos de Cavalhadas que acontecem no Brasil têm como inspiração as histórias relatadas no livro “História do imperador Carlos Magno e dos doze pares de França”. A lenda é contada já no período da França cristã. O livro se divide em cinco partes assim retratadas: Livro I: sobre o rei Pepino, pai de Carlos Magno e primeiro rei católico da França. Livro II: sobre os doze pares de França na batalha do gigante Ferrabrás com Oliveiros; aparece nesta parte a história de Floripes, filha do almirante Balão. Livro III: trata das intercessões do apóstolo São Tiago Maior. Livro IV: apresenta a sagração da Igreja em território antes inimigo, entre outras conquistas. Livro V: nascimento e morte de Roldão.
A ideia de expansão da fé cristã, que dá sentido às lutas entre cristãos e mouros, tem como principal território de disputa a Península Ibérica, visando o combate ao islamismo, a luta contra os infiéis, a conversão ao cristianismo, a conquista de muitos territórios e a reconquista de outros, tendo como inspiração as cruzadas. Posteriormente, estes elementos, de um cristianismo guerreiro, foram incorporados às solenidades reais e comemorações católicas, fazendo lembrar, portanto, a ideia de supremacia da fé cristã. Iniciaram-se em território ibérico e de lá seguiram para o Brasil. No Dicionário da Religiosidade Popular, Frei Chico elenca mais de noventa municípios em que ocorrem Cavalhadas, distribuídos em onze estados. Destaca também alguns pesquisadores desta prática cultural, como Niomar de Souza Pereira, autora de “Cavalhadas no Brasil: de cortejo a cavalo a lutas de mouros e cristãos”; Theo Brandão, que publicou “Cavalhadas de Alagoas”; Alceu Maynard Araújo, que estudou o folclore nacional; Agostinho Marques Viana, que pesquisou a “Cavalhada de Morro Vermelho em Caeté”; Carlos Rodrigues Brandão, com a obra “O divino, o santo e a senhora”.
Frei Chico sintetiza a definição do evento ao dizer que é uma: “Festa de torneios a cavalo que, na maioria das vezes, inclui a memória das lutas de Carlos Magno e os 12 Pares de França, como também, dos cristãos e mouros na reconquista de Portugal e nas cruzadas. Estas celebrações têm suas origens nos torneios medievais"

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